Por João Nuno Coelho
Fica mais uma vez provado que o futebol nunca será apenas um negócio – vive de razões que muitas vezes a razão desconhece. É movido por paixões, amores e ódios, ambições e rivalidades cegas. O Benfica está desesperado por vitórias e não olha a gastos para as concretizar. Já gastou quase 25 milhões de euros em contratações, apesar de ter realizado apenas dois milhões e meio em transferências (Katsouranis), mesmo que Luisão e Di Maria fossem negócios potencialmente lucrativos. A comparação com o FC Porto é mais uma vez inevitável: os portistas já abriram mão de 21 milhões de euros em reforços mas encheram os cofres com 64 milhões na vendas de jogadores.
Muitos se questionam onde vão os encarnados buscar o dinheiro para tal escalada de contratações. A resposta é simples: tal como o Real Madrid, o Benfica está a endividar-se na banca com empréstimos que poderão, caso as coisas corram mal no terreno de jogo (como acontece tantas vezes no futebol), pôr em risco o futuro do clube.
No entanto, os dirigentes encarnados têm um mérito inquestionável: a estratégia é arriscada, mas parece guiar-se por critérios acertados em termos de formação de um plantel competitivo e equilibrado. E pese a importância de Rui Costa neste processo, não restam dúvidas de que é Jorge Jesus que faz as escolhas, demonstrando que assegurou desde cedo o protagonismo nas decisões sobre o destino da sua equipa.
Demonstrando um grande à-vontade na sua estreia num grande, Jesus mostra ter um plano para o Benfica. Definiu um modelo de jogo e respectivo sistema tático, passando depois a completar o puzzle com os jogadores que entendia adequados, garantindo duas alternativas credíveis por posição, sem cair na tendência (que Camacho e Quique protagonizaram) de tapar buracos com a polivalência. E mesmo quando o plantel parecia fechado, Jesus não hesitou em pedir novos jogadores para as posições que lhe pareceram mais débeis. Faltava-lhe um trinco de raiz, veio Javi Garcia. O ataque estava demasiado dependente de Cardozo e Saviola, chegou Keirrison. Os três guarda-redes não lhe davam totais garantias, pediu Júlio César.
E pode ser que não fique por aqui. Como Fábio Coentrão não lhe assegura uma alternativa completa a Di Maria, acenou ao seu velho conhecido César Peixoto, que pode muito bem ser mais um apóstolo de Jesus no Benfica.
Quadro 1 - ENTRADAS
| Proveniência | Valor transf. |
RAMIRES | Cruzeiro | 7,5 milhões euros |
JAVI GARCIA | Real Madrid | 7 milhões euros |
SAVIOLA | Real Madrid | 5 milhões euros |
PATRIC | São Caetano | 3 milhões euros |
SHAFFER | Racing | 1,5 milhões euros |
JÚLIO CÉSAR | Belenenses | 500 mil euros |
WELDON | Sport Recife | 250 mil euros |
KEIRRISON | Barcelona | Emprestado |
Quadro 2 – SAÍDAS
| Destino | Valor transf. |
KATSOURANIS | Panatinaikos | 2,5 milhões euros |
REYES | At. Madrid | Fim do empréstimo |
SUAZO | Inter Milão | Fim do empréstimo |
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