quarta-feira, 5 de agosto de 2009

CONTRA O PENTA, COMPRAR, COMPRAR


Por João Nuno Coelho

O plantel foi dado como fechado em mais do que um ocasião, mas o Benfica continua a comprar jogadores. E, aparentemente, bem, apesar dos riscos óbvios.

Numa escala mais pequena, o Benfica está a imitar o Real Madrid. Para interromper a hegemonia do principal rival, os encarnados dão tudo o que têm (e não têm) para fazer uma grande equipa e reconquistar a glória perdida. E para retirá-la ao FC Porto, que tem o penta-campeonato como grande objectivo para esta época.

Fica mais uma vez provado que o futebol nunca será apenas um negócio – vive de razões que muitas vezes a razão desconhece. É movido por paixões, amores e ódios, ambições e rivalidades cegas. O Benfica está desesperado por vitórias e não olha a gastos para as concretizar. Já gastou quase 25 milhões de euros em contratações, apesar de ter realizado apenas dois milhões e meio em transferências (Katsouranis), mesmo que Luisão e Di Maria fossem negócios potencialmente lucrativos. A comparação com o FC Porto é mais uma vez inevitável: os portistas já abriram mão de 21 milhões de euros em reforços mas encheram os cofres com 64 milhões na vendas de jogadores.

Muitos se questionam onde vão os encarnados buscar o dinheiro para tal escalada de contratações. A resposta é simples: tal como o Real Madrid, o Benfica está a endividar-se na banca com empréstimos que poderão, caso as coisas corram mal no terreno de jogo (como acontece tantas vezes no futebol), pôr em risco o futuro do clube.

No entanto, os dirigentes encarnados têm um mérito inquestionável: a estratégia é arriscada, mas parece guiar-se por critérios acertados em termos de formação de um plantel competitivo e equilibrado. E pese a importância de Rui Costa neste processo, não restam dúvidas de que é Jorge Jesus que faz as escolhas, demonstrando que assegurou desde cedo o protagonismo nas decisões sobre o destino da sua equipa.

Demonstrando um grande à-vontade na sua estreia num grande, Jesus mostra ter um plano para o Benfica. Definiu um modelo de jogo e respectivo sistema tático, passando depois a completar o puzzle com os jogadores que entendia adequados, garantindo duas alternativas credíveis por posição, sem cair na tendência (que Camacho e Quique protagonizaram) de tapar buracos com a polivalência. E mesmo quando o plantel parecia fechado, Jesus não hesitou em pedir novos jogadores para as posições que lhe pareceram mais débeis. Faltava-lhe um trinco de raiz, veio Javi Garcia. O ataque estava demasiado dependente de Cardozo e Saviola, chegou Keirrison. Os três guarda-redes não lhe davam totais garantias, pediu Júlio César.

E pode ser que não fique por aqui. Como Fábio Coentrão não lhe assegura uma alternativa completa a Di Maria, acenou ao seu velho conhecido César Peixoto, que pode muito bem ser mais um apóstolo de Jesus no Benfica.

Quadro 1 - ENTRADAS

Proveniência

Valor transf.

RAMIRES

Cruzeiro

7,5 milhões euros

JAVI GARCIA

Real Madrid

7 milhões euros

SAVIOLA

Real Madrid

5 milhões euros

PATRIC

São Caetano

3 milhões euros

SHAFFER

Racing

1,5 milhões euros

JÚLIO CÉSAR

Belenenses

500 mil euros

WELDON

Sport Recife

250 mil euros

KEIRRISON

Barcelona

Emprestado

Quadro 2 – SAÍDAS

Destino

Valor transf.

KATSOURANIS

Panatinaikos

2,5 milhões euros

REYES

At. Madrid

Fim do empréstimo

SUAZO

Inter Milão

Fim do empréstimo

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