quarta-feira, 19 de agosto de 2009

DOIS CAMINHOS PARA EVITAR O PENTA

Uma corrida a três pelo título de campeão nacional é o que se prevê, mais uma vez, para a Liga portuguesa. Uma história antiga que tem este época novos cambiantes, dada a possibilidade do FC Porto atingir o seu segundo penta-campeonato.

João Nuno Coelho – Football Ideas

O Sporting quase não mudou uma vírgula. O Benfica realizou nova remodelação geral, desta vez aparentemente mais planeada e sustentada. Dois caminhos diferentes, mas com o mesmo objectivo: impedir que um FC Porto renovado na continuidade não chegue ao penta.

Os portistas são os favoritos naturais ao lugar mais alto da classificação final. Não foram obrigados a alterações de fundo no seu plantel (só uma transferência já pouco provável do esteio defensivo Bruno Alves pode fazer abanar a estrutura) e arrancam na Liga com apenas três novidades prováveis no onze: Álvaro Pereira, Bellushi e Falcão, os substitutos directos das grandes vendas de Verão, Cissokho, Lucho e Lisandro.

Os dragões parecem, assim, ter conseguido limitar os estragos provocados pela manutenção da sua estratégia vendedora, apesar das novas adaptações poderem implicar uma prova em crescendo. Mesmo assim, Helton, Bruno Alves, Raúl Meireles (todos eles tetracampeões), Fucile (tri-campeão), Farias e Mariano (bi-campeões) devem garantir uma transição suave, pese os pontos de interrogação que se colocam quanto à qualidade das opções para o lado esquerdo da defesa (um velho problema portista) e para o centro do ataque.

O segundo classificado dos últimos quatro campeonatos, o Sporting, seria teoricamente o principal oponente dos portistas. Mas a teimosa politica de contenção financeira da SAD leonina limita em muita esta possibilidade, impedindo que Paulo Bento possa reforçar o conjunto em posições que se apresentam muito debilitadas, designadamente nas zonas laterais da defesa. No entanto, a estabilidade do plantel e do modelo de jogo verde-e-branco é a receita para candidatura ao título, até porque Sporting foi o que mais jogadores manteve no seu onze-base nos últimos quatro anos: Abel, Polga, Moutinho e Liedson.

Curiosamente, o êxito da equipa de Paulo Bento parece estar muito dependente do que fizerem os dois únicos reforços. No sistema de jogo de Paulo Bento o papel do número 10 é fundamental, pelo que a equipa precisa de um Matias Fernandez ao nível do que prometera no campeonato chileno antes da transferência para o Villarreal. Além disso, o equatoriano Filipe Caicedo anuncia-se como o parceiro de ataque ideal para o habitual “abono de família” Liedson.

O caso do Benfica é bem diferente. Os encarnados são já tidos como os grandes rivais do FC Porto neste campeonato, graças a uma bem gizada politica de contratações, cuja pedra de toque foi a opção pelo treinador Jorge Jesus. O técnico português mostrou saber bem o que queria para a equipa e a direcção do clube não lhe negou os reforços desejados, de forma a completar o puzzle que subjaz ao modelo e sistema de jogo delineado por Jesus. A opção por um meio-campo em losango favorece as características do “regressado” Pablo Aimar e a contratação do espanhol Javi Garcia parece ter colmatado um dos problemas tradicionais do conjunto: o posto de médio-defensivo. Ao mesmo tempo, a linha defensiva mantém-se estável (incluindo os dois únicos sobreviventes das quatro últimas temporadas, Quim e Luisão), enquanto o ataque foi bem reforçado, com as chegadas de Saviola e Weldon.

Veremos agora como, no campo de jogo, Benfica e Sporting serão, ou não, capazes de impedir a continuação da hegemonia portista, que permitiu aos dragões ganhar quatro campeonatos seguidos, nos quais teve sempre o melhor ataque e a defesa menos batida. Para tal será fundamental que melhorem substancialmente os seus números estatísticos fundamentais ao nível ofensivo (remates, passes de ruptura e recuperações em campo adversário), que têm sido claramente favoráveis aos azuis-e-brancos nas últimas temporadas.

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