segunda-feira, 13 de julho de 2009

NAS PORTAS DO OLIMPO


Por João Nuno Coelho


Cristiano Ronaldo, o Mister 94 milhões, tem já assegurado o seu lugar na história do futebol. Mas, com apenas 24 anos, pode almejar a ainda muito mais

Acima da conquista dos mais importantes prémios individuais em 2008, é a transferência-recorde mundial para o Real Madrid que coloca Cristiano Ronaldo no limiar do Olimpo dos maiores futebolistas de sempre. Os 94 milhões de euros que vestiram Ronaldo de blanco e os mais de 80.000 adeptos em êxtase presentes na impressionante apresentação do jogador no Bernabéu tornam o madeirense um verdadeiro caso à parte no actual “circo da bola” à escala planetária – pelo que joga, pelo que vende, pelo que apaixona. E fazem dele o maior candidado em actividade a entrar no clube muito restrito dos melhores de sempre, onde habitam apenas Pelé, Maradona e Cruyff.

Para já, o novo CR9 tem garantido lugar cativo na guarda-de-honra dos três mitos, formada por nomes como Di Stefano, Garrincha, Eusébio, Puskas, Backenbauer, Platini, Van Basten, Zidade, Figo, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho ou o próprio Messi.

O pequeno argentino do Barça será o principal competidor do português na luta pela excelência máxima. Mas Cristiano Ronaldo possuiu valores-extra para a refrega: o seu grande carisma, sex-appeal e mediatismo. Desde que estes não se virem contra ele, claro.

O que têm em comum os grandes deuses do futebol mundial? Tal como Ronaldo, todos eles foram muito precoces: Pelé e Maradona estrearam-se aos 15 anos na primeira divisão dos respectivos países. O brasileiro chegou mesmo à Selecção brasileira com 16 e foi campeão do Mundo com 17, num registo virtualmente impossível de bater. Com essa idade, Cruyff e Ronaldo estreavam-se no Ajax e no Sporting, respectivamente.

Curiosamente, o Rei dos Reis, Pelé, foi de todos o que menos dinheiro movimentou na sua carreira, em virtude de ter vivido noutros tempos e de jurar amor eterno ao seu Santos. Maradona, Cruyff e, agora, Ronaldo partilham o facto de a dado momento terem estabelecido recordes mundiais de transferências – por duas vezes no caso do argentino.

Ao nível de troféus conquistados, será difícil pedir meças aos três campeonatos do Mundo de Pelé. Maradona ganhou um (1986), quase sózinho, Cruyff ficou muito perto com a Laranja Mecânica que encantou o Mundo mas falhou na final de Munique (1974). Para Ronaldo sonhar com a entrada neste Olimpo é quase obrigatório que conquiste um Mundial ou brilhe intensamente numa fase final.

Isto apesar de, aos 24 anos, estar já bem fornecido de títulos de clube: tri-campeão de Inglaterra, campeão Europeu, campeão do Mundo. E a chegada a um Real Madrid de luxo deve garantir-lhe mais conquistas. Note-se que do nosso clube dourado apenas Maradona não detêm qualquer título continental de clubes (apenas uma Taça UEFA), já que Cruyff foi tricampeão europeu no Ajax e Pelé ganhou duas Taças dos Libertadores da América.

Por último, os prémios individuais. Pelé e Maradona dividem o título de melhor jogador do século XX da FIFA (público e especialistas da FIFA não estiveram de acordo), e juntamente com Cruyff foram considerados reis de um Campeonato do Mundo (1970-Pelé; 1974-Cruyff; 1986-Maradona). Confirmando assim qual deve ser a grande luta de Cristiano Ronaldo nos próximos anos: fazer de Portugal campeão do Mundo.

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