segunda-feira, 20 de julho de 2009

DOIS PARA MANTER O TANGO



por João Nuno Coelho


O FC Porto volta ao Sul para substituir os “abonos de família” do tetra-campeonato, Lucho e Lisandro, seduzidos pelos ritmos da canção francesa. Venham Bellushi e Falcao.

Dizer que El Comandante e Licha eram meia-equipa será um exagero, mas os números dos dois jogadores nas últimas quatro temporadas apontam para uma importância crucial da dupla na dinâmica de vitória do FC Porto. Como será a vida no Dragão depois do adeus argentino?

Antes tinham saído Anderson, Diego, Pepe, Bosingwa, Quaresma e Paulo Assunção. Agora o Porto de Jesualdo Ferreira vê partir mais duas referências centrais do seu modelo de jogo. E a saída de Bruno Alves (pelo menos) parece igualmente inevitável. Nos últimos três anos foi quase um onze completo e de enorme qualidade que deixou o Dragão e transformou o clube no maior vendedor de jogadores de toda a Europa.

Os custos desta estratégia têm sido apenas sentidos na Liga dos Campeões, na qual o FC Porto consegue cumprir os mínimos pedidos (chegar à fase de eliminatórias) mas não tem argumentos para lutar pelos lugares mais altos. Imagine-se um onze com Helton, Bosingwa, Bruno Alves, Pepe e Cissokho, Paulo Assunção, Anderson e Lucho, Hulk, Lisandro e Quaresma, e ainda com Rodriguez, Raul Meireles, Diego, Fernando, entre outros, no banco. Tudo seria, com certeza, diferente.

Para vencer o campeonato nacional, quase sempre tranquilamente, tem chegado e sobrado. Mesmo com tantas mudanças. O perfil de Jesualdo como treinador também ajuda, sempre capaz de “fazer” jogadores e integrá-los no seu sistema.

Veremos, agora, se a perda das referências principais do meio-campo, Lucho, e do ataque, Lisandro, não poderá ter custos ainda mais elevados, até porque o Benfica parece estar a mudar para melhor e o Sporting poderá melhorar exactamente por não mudar.

Isto porque os números de Lucho e Lisandro no campeonato nacional português são impressionantes. Em termos ofensivos, por exemplo, o FC Porto teve sempre o melhor ataque de cada um dos quatro campeonatos do tetra sendo que Lucho e Lisandro foram responsáveis em conjunto por 80 golos apontados e 29 assistências para golo. Ou seja, tiveram envolvimento directo em 109 golos dos 240 marcados pelo FC Porto nestas quatro ligas. As contas são simples de fazer: os dois argentinos estiveram em 45% dos golos. Números que dispensam mais comentários.

Para fazer esquecer tais contas, os portistas voltam a recorrer à Argentina. O tango ficará agora por conta de Bellushi e Falcao. O primeiro vem da Grécia, onde foi bi-campeão em época e meia ao serviço do Olympiakos. Tal como Lucho, é inteligente em campo, defensivamente trabalha muito e aparece bem na área para concretizar. O segundo, apesar de ser colombiano, fez a parte final da sua formação no River Plate (antigo clube de Lucho e de Bellushi) e não conheceu outro clube enquanto senior, tendo-se tornado um nome querido dos “hinchas” do River, que o baptizaram como “O Tigre”. É um avançado móvel, com grande impulsão e precisa apenas de marcar golos com mais regularidade.

A Bellushi e Falcao junta-se ainda Valeri, outro jovem médio argentino (23 anos) que chegará por empréstimo à Invicta, confirmando que depois de uma primeira inflexão portuguesa nas contratações para 2009/10 (Miguel Lopes, Varela e Beto) os portistas voltaram aos ritmos sul-americanos para tentarem continuar a dar música aos rivais lisboetas.

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