terça-feira, 7 de julho de 2009

DIZ-ME ONDE COMPRAS, DIR-TE-EI COMO JOGAS


por Ivo Costa

Pouco a pouco desenham-se os plantéis dos grandes para a temporada 2009/10. O FC Porto aposta em jovens valores nacionais, mas o Sporting é a equipa mais portuguesa. Benfica mantém estatuto importador.

Os golos de Nenê ao serviço do Nacional da Madeira na última temporada precipitaram um conjunto de possíveis interessados no avançado brasileiro, que acabou por ser o artilheiro da liga portuguesa. Mas, desde logo, o homem forte do futebol do FC Porto fez uma das raras incursões em direcção aos microfones para dizer à nação portista que a aposta do dragão para a temporada 2009/10 ia incidir em jovens promessas nacionais. Antero Henrique não mentiu! Um olhar pela folha de serviço do FC Porto neste defeso mostra que em seis aquisições já realizadas, apenas dois atletas não têm nacionalidade portuguesa. O defesas Maicon e Álvaro Pereira e médio Bellushi são os estrangeiros recém-chegados ao Dragão mas, no caso do central oriundo do Nacional da Madeira, até já conhece (e bem) o andamento do futebol luso. Há, portanto, uma diferença substancial entre o FC Porto deste defeso e o da época passada, na qual apostou forte no mercado sul-americano, mercê da bonificada margem de manobra que o director geral da SAD possui naquele território.

A sul, o cenário muda de figura, sobretudo se estacionarmos a nossa atenção no estádio da Luz. Rui Costa mantém-se focado em nomes sonantes. Saviola e Ramires são dois interessantes cartões de visita para o plantel de Jorge Jesus e que se juntam a Shaffer e Patric no lote de contratados. Todos estrangeiros, o que não é novidade por aquelas bandas, onde o samba e o tango vão continuar a abafar o saudosismo em relação às épocas em que na Luz se encantava em português.

Já o plantel do Sporting mais parece um automóvel com 10 anos e menos de cinco mil quilómetros. É um daqueles usados que todos gostaríam de encontrar, mas nunca sabemos se está preparado para grandes viagens, por isso há que lhe mudar o óleo... no mínimo. É o que fazem os leões ao contratar o chileno Matias Fernández. Trata-se de uma revisão de um motor que (por não ter feito grandes viagens com Paulo Bento ao volante) se mantém intocável em todos os sectores. O facto de ter contratado um único jogador até ao momento, e por sinal estrangeiro, não belisca o facto dos leões poderem ser a equipa mais portuguesa dos três grandes do futebol nacional. Benfica e FC Porto devem ter na maioria dos jogos, senão em todos, menos de metade do onze inicial a falar a língua de Camões.

Nos duelos que se avizinham em cada um dos centros de estágio é dificil não começar pela baliza onde Helton e Beto vão discutir taco-a-taco a titularidade no FC Porto. A música do brasileiro tem, esta época, que ser mais consistente se não quiser ter de perseguir a batida de Beto impulsionado pela recente chamada à Selecção A. No Benfica importa perceber quem vai ceder com a chegada de Saviola, que manteve com Aimar uma dupla de respeito ao serviço do River Plate, enquanto que, nos leões as mexidas só devem acontecer no meio-campo ofensivo. A possível sombra de Matias Fernández a Vukcevic acaba, ainda assim, por se esfumar na possibilidade do montenegrino ser destacado para a frente de ataque em função da falta de recursos neste sector com a saída de Derlei. Em Alcochete não se prevêm grandes batalhas pela titularidade com tudo o que isso pode ter de negativo numa estrutura que se mantém inalterada.

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