quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Onde falhou Paulo Bento?


Por Nuno Oliveira / Football Ideas

Paulo Bento deitou a toalha ao chão. Com o Sporting sétimo na tabela geral, mais pontos perdidos do que ganhos, apenas nove golos marcados, poucas alternativas lhe restavam. Mas, afinal, no jogo jogado, onde esteve o problema?

O ruído à volta da crise dos leões no campeonato é ensurdecedor. Toda a gente fala, quase todos parecem ter as suas razões. Para uns, a maioria, a culpa é obviamente de Paulo Bento, que acabou por não resistir
à pressão generalizada. Para outros, a culpa é da falta de qualidade do plantel. Os dirigentes responsabilizam as limitações financeiras pela falta de êxito e falam de arbitragens “habilidosas”.

O ruído é tanto que apetece “tapar os ouvidos” e analisar sem som os jogos do Sporting no campeonato procurando descobrir onde tem falhado a equipa dentro do relvado – e determinados números ajudam essa análise desapaixonada. Centramo-nos no processo ofensivo do conjunto, porque acima de tudo o Sporting tem fracassado na agressividade atacante que leva à obtenção de golos, apresentando uma média muito pobre, ligeiramente superior a um tento por encontro.

As grandes limitações ao nível da criatividade e rapidez nas transições ofensivas do meio-campo e correspondente poder de romper as defesas contrárias explicam em grande parte este fracasso. O novo “10”, Matias Fernandez, revela bons pormenores técnicos mas ausenta-se demasiado do jogo; a falta do “eterno” lesionado Izmailov retira imprevisibilidade e velocidade às movimentações colectivas na zona de decisão, do último passe. Consequentemente, na presente temporada o número de passes de ruptura realizados baixou para patamares quase inaceitáveis numa equipa da dimensão do Sporting. Ao mesmo tempo, a equipa continua a não encontrar formas alternativas de resolver o problema de falta de fluidez e intensidade ofensivas: por exemplo, em termos de aproveitamento dos lances de bola parada os leões continuam a demonstrar pouca agressividade e eficácia, ao invés do que acontece com os seus rivais mais directos, que ganham muitos pontos desta forma.

O que deve assustar mais os adeptos leoninos é o facto destas limitações terem vindo a agravar-se de ano para ano. O Sporting de Paulo Bento viveu em permanente tendência de perda em termos de números ofensivos, desde a primeira época do treinador português ao serviço do clube. Cada vez menos golos; cada vez menos remates perigosos; cada vez menos passes de ruptura.

Ora, perante esta realidade de constante perda de qualidade e intensidade atacante do futebol do Sporting apenas se pode pensar que o problema tem que ser mesmo estrutural, ou se preferirem do próprio modelo de jogo adoptado por Paulo Bento e por ele defendido com unhas e dentes nos últimos quatro anos. Ou seja, provavelmente o modelo não se adequava aos jogadores disponíveis, o que apenas vinha dar razão a todos os que reclamavam mudanças estruturais que passavam pela substituição do treinador. Porque se Paulo Bento não mudava, havia que mudar de treinador.

1 comentário:

  1. Sim, 4 anos a defender o mesmo sistema e a piorar. está visto que a culpa será dele.
    Tal como Jesualdo parece querer mostrar no Porto...

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