terça-feira, 24 de novembro de 2009

Foi em Lisboa, meus senhores, foi em Lisboa...


Por João Nuno Coelho / Football Ideas

Portugal garantiu a presença na fase final do Mundial-2010 com duas vitórias sobre a Bósnia. Mas foi no primeiro jogo, em casa, que a eliminatória foi decidida

Lisboa. Estádio da Luz. 14 de Novembro de 2009. 22.20 h.. Último minuto do primeiro jogo do play-off de apuramento para o Mundial da África do Sul. Portugal está a ganhar à Bósnia por 1-0 quando, após jogada pelo flanco direito, o avançado bósnio Dzeko atira de cabeça à barra da baliza de Eduardo e, na recarga, o recém entrado Muslimovic, com a baliza escancarada à sua frente, remata ao poste. As bancadas repletas reagem como se de um golo de Portugal se tratasse. E com toda a razão.

Em condições normais, poucos se arriscariam a considerar a selecção bósnia capaz de discutir o apuramento com Portugal. No entanto, tendo em contas as lesões de Ronaldo e Bosingwa, e o facto dos bósnios chegarem ao primeiro encontro do play-off com todos os seus titulares habituais disponíveis, no jogo da Luz a sorte acabou por ser portuguesa. A baliza de Eduardo abanou três vezes com o impacto das bolas chutadas pelos visitantes, apesar de Portugal ter dominado quase toda a partida.

O jogo da Luz permitiu à Selecção encarar a díficil deslocação à Bósnia – onde foi insultada à chegada, assobiada massivamente durante o hino nacional e colocada a jogar num relvado quase impraticável – com a enorme vantagem de não ter sofridos golos em casa. Isto numa eliminatória em que, à maneira das campetições europeias, os golos marcados “fora” valem a dobrar em caso de igualdade final. Mas o encontro de Lisboa ainda retirou do segundo jogo três titulares absolutos e muito influentes da equipa adversária: o defesa-central mais experiente do conjunto bósnio (o “capitão” Spahic), os dois médios-centro (Muratovic e Rahimic), a que se juntaria ainda o lesionado Misimovic (o pensador do jogo da equipa). Para uma selecção com um “plantel” de qualidade limitada como a Bósnia estas foram baixas demasiado pesadas para a batalha em que transformaram o encontro de Zenica.

Se a isto juntarmos a humildade e espírito de luta com que a Selecção encarou esta segunda partida, fazendo funcionar contra os bósnios a guerra psicológica gizada pelo inenarrável seleccionador Blazevic, é mais fácil perceber a forma clara e personalizada como Portugal jogou e venceu em Zenica. Uma vitória que começou na atitude. E uma atitude que começou na coragem de Carlos Queiroz não inventar no “onze” apresentado, apenas fazendo uma alteração bem pensada: a entrada de Tiago em detrimento de Deco, de forma a dar mais consistência ao meio-campo português.

Perante uma equipa bósnia que se tornou banal pelas ausências verificadas, a concentração e solidariedade dos portugueses ainda mais banalizou o adversário, que fez um remate no alvo em noventa minutos. Portugal dominou em todos os capítulos do jogo e ficou a dever a si próprio uma série de golos falhados, que podiam ter decidido tudo bem mais cedo. Mas é caso para dizer que, tendo em conta a medíocre fase de apuramento realizada, a Selecção Nacional bem mereceu sofrer até ao fim.

E no fim, tudo está bem quando acaba bem. Portugal garantiu o seu pleno de presenças em fases finais de grandes provas internacionais no século XXI (mais do que as conseguidas em todo o século XX!), Queiroz cumpriu o seu sonho de uma vida e os portugueses já têm razões para andarem mais felizes.

Quadros – Estatísticas de remates dos dois jogos do Play-off para o Mundial-2010

Em Lisboa:

Portugal

Bósnia

Remates

17

13

Remates no alvo

6

4

Remates perigosos

6

5

Em Zenica:

Portugal

Bósnia

Remates

18

7

Remates no alvo

6

1

Remates perigosos

5

2

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