quarta-feira, 4 de novembro de 2009

DOMINGOS GANHOU O DUELO


João Nuno Coelho – Football Ideas


Depois de vencer Paulo Bento e Jesualdo Ferreira no campeonato, Domingos Paciência bateu agora Jorge Jesus. O prémio foi a liderança da Liga, mas a questão é bem mais pessoal do que isso.

Na pré-temporada, Domingos provocou Jesus, afirmando que com a equipa de que dispunha em Braga, o agora treinador encarnado teria obrigação de fazer melhor do que o quinto lugar final obtido no campeonato 2008/09. A afirmação foi vista como um recado envenenado pelo portismo assumido de Domingos e poucos contariam que no final do primeiro terço do campeonato o Sp. Braga disputasse a liderança taco-a-taco com o super-Benfica de Jesus, liderando mesmo a classificação.

Há algumas semanas, em vésperas da recepção dos arsenalistas ao FC Porto, escrevemos aqui que uma eventual vitória (que se viria a concretizar) da equipa de Domingos não seria obrigatoriamente um factor positivo na sua candidatura ao banco portista a curto prazo. Mas o mesmo não se pode dizer agora deste triunfo bracarense perante o Benfica, mostrando ao mundo que é possível parar o “tsunami” encarnado que tem varrido o país futebolístico. Domingos marcou neste sábado muitos pontos na sua curta carreira e não há quem o ignore, da mesma forma que existe a consciência geral de que tal sucesso implica uma verdadeira candidatura dos minhotos ao título nacional, valendo ainda a consumação de um feito invejável: bater todos os três grandes na primeira volta de uma liga.

Para Jorge Jesus, ter vencido em Braga constituiria uma prova de força colectiva inegável, mas ao mesmo tempo significaria para o treinador encarnado a possibilidade de acabar com a incómoda divisão do papel principal entre os técnicos do presente campeonato. De uma formaou de outra, apenas o novato Domingos faz neste momento sombra a Jesus na fase de m aior esplendor da sua já longa carreira. E o ex-avançado portista ainda se pode gabar de nunca ter perdido, enquanto treinador, com Jorge Jesus (quatro empates e duas vitória) e de apresentar um registo superior em Braga no tocante ao campeonato, comparativamente com as primeiras nove jornadas da época passada sob o comando técnico de Jesus.

Dados que apenas alimentam a fogueira deste duelo privado entre dois treinadores que até têm bastante em comum: são representantes da chamada escola “prática”, do conhecimento conquistado nos campos de futebol enquanto jogadores (ambos do tipo “criativo”) e conhecidos pela sua sagacidade táctica e capacidade de ler o jogo a partir do banco. Domingos foi incomparavelmente melhor enquanto praticante, mas isso não lhe assegura superioridade na função técnica e a prova disso é que, para já, é Jesus que treina um “grande”. E com o sucesso que se lhe reconhece.

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