quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O meio-campo portista à espera de Rodriguez



João Nuno Coelho – Football Ideas

A versão 2009/10 do FC Porto de Jesualdo ainda não carbura em pleno, devido em grande parte às dificuldades sentidas pelo meio-campo da equipa, habitualmente um dos pontos fortes do conjunto.

O que se passa com o sector intermediário do FC Porto neste início de temporada? O argentino Belluschi encanta pela sua criatividade mas não é consistente a defender como era Lucho. Raul Meireles está a quilómetros da pujança que apresentou nos últimos quatro anos. Fernando ressente-se da falta de apoio na cobertura defensiva.

Num meio-campo de três elementos como o dos portistas – quando a maior parte das equipas em Portugal e principalmente na Liga dos Campeões actua com quatro jogadores neste sector – estas condicionantes têm um preço. Menos consistência a defender, menos capacidade de pressionar alto o adversário, recuperando bolas para as famosas transições rápidas características do modelo de jogo da equipa, e ainda menos presença dos centro-campistas na área adversária para acções de finalização.

Isto traduz-se num empobrecimento claro dos números do trio do meio-campo do FC Porto neste início de Liga portuguesa. Fernando, Belluschi e Meireles ainda não marcaram qualquer golo, poucas vezes remataram com perigo, levam apenas quatro assistências entre os três (todas do argentino!) e recuperam menos bolas do que é habitual nos centro-campistas portistas, designadamente no terreno do oponente.

A equipa ressente-se fortemente deste cenário, levando inclusive a que se possa questionar Jesualdo sobre razões que o levam a não introduzir alterações, recorrendo às alternativas de que dispõe no plantel. Nos seis encontros disputados no campeonato até ao momento, apenas uma vez o trio foi desfeito, com a entrada de Guarin para o lugar de Belluschi na derrota em Braga. Tomás Costa e Diego Valeri só actuaram como suplentes utlizados (em três ocasiões cada um) e Sebastian Prediger não tem ainda qualquer minuto jogado.

Assim sendo, parece ser pacífico concluir que Jesualdo não confia nestes jogadores como alternativas credíveis aos titulares do meio-campo. Pelo menos para já. É verdade que são todos eles atletas jovens, na casa dos 23/24 anos, mas o investimento realizado pelo clube na sua aquisição obrigaria a outro protagonismo. Tomás Costa ainda teve papel de alguma relevância na época passada, mas isso deveu-se mais à sua polivalência (jogando muitas vezes como defesa-direito) do que a uma real afirmação no onze. Já Guarin não iniciou qualquer partida da Liga 2008/09, entrando quase sempre na parte final dos encontros.

Perante esta aparente falta de qualidade – ou pelo menos de adaptação ao modelo de jogo defendido por Jesualdo – dos possíveis substitutos do trio de meio-campo, não custa admitir que o professor aguarde, com alguma ansiedade, o regresso definitivo de Cristian Rodriguez aos relvados, após uma sucessão de lesões musculares. O uruguaio não é um centro-campista de raiz, mas teve na época passada um papel preponderante no reforço do meio-campo, a partir do seu posicionamento como extremo-esquerdo. Rodriguez foi o elemento-chave no equilíbrio da equipa, baseado na flexibilidade entre o 4-4-3 (no processo ofensivo) e o 4-4-2 (no momento defensivo), assegurando maior consistência ao conjunto, mormente nos jogos da Liga dos Campeões, nos quais se tornam mais prementes as dificuldades de actuar com apenas três elementos no meio-campo. Como referimos diversas vezes ao longo da época transacta, a única forma do FC Porto compensar a inferioridade numérica numa zona tão crucial do relvado perante adversários poderosos foi este desdobramento de Rodriguez, um jogador culto do ponto de vista táctico e com características físicas e técnicas que lhe permitem realizar esta missão com eficácia. Agora a equipa precisa do uruguaio mais do que nunca, dadas as limitações defensivas de Belluschi e o arranque titubeante de Meireles.

Sem comentários:

Enviar um comentário