segunda-feira, 26 de outubro de 2009

ÁGUIA VOA A DOBRAR – ATÉ QUANDO?


João Nuno Coelho – Football Ideas

Jesus prometeu – Jesus cumpriu: o Benfica está mesmo a jogar o dobro do que fazia na época passada. E ainda estamos no primeiro terço do campeonato. Mas as próximas semanas o calendário anuncia dificuldades acrescidas.

No campeonato, o Benfica de Jesus não faz por menos: seis vitórias consecutivas, várias goleadas infligidas, melhoria de todos os seus dados ofensivos, jogadores em grande forma. Pensarão para si próprios os adeptos encarnados que é uma pena este Sp. Braga de outra galáxia (única equipa dos principais ligas europeias que conta por vitórias todos os encontros disputados), impedir que as águias planem confiantes sobre todos os concorrentes.

Ora se na época passada por esta altura, Quique Flores ainda vivia em estado de graça, contando com três empates em sete encontros, imagine-se o impacto nos adeptos desta exuberância dos encarnados no campeonato – Jorge Jesus arrisca-se a tornar-se um deus para os benfiquistas.

Até porque no imaginário do adepto os golos são quem mais ordena: uma equipa que leva 24 golos marcados, à média de quase 3,5 por jogo só pode entusiasmar. Mesmo que quase 60% dos tentos sejam marcados de bola parada. Uma eficácia que na verdade tem sido a imagem de marca do Benfica de Jesus, que nem remat muito mais do que o de Quique Flores. Mas fá-lo de forma muito mais perigosa e com muito mais pontaria. Ora, toda a gente sabe (ou devia saber) que para marcar golos é preciso acertar na baliza.

Inegável é também que o volume e intensidade de jogo do Benfica 2009/10 é muito superior ao da época passada – melhor exploração dos corredores para atacar e cruzar, e crescimento significativo da capacidade de furar o centro das defesas contrárias, com passes de ruptura que “alimentam” a voracidade dos dois avançados.

Tal como Jesus prometera, a equipa do Benfica tira partido do crescimento dos seus jogadores – dizia o treinador no início a época que, com ele, aqueles iriam jogar o dobro e tal serviria os interesses colectivos. Retirando destas contas Saviola (que nem jogava em Madrid) e Ramires (que já jogava muito no Cruzeiro de Belo Horizonte), a equação de Jesus parece confirmar-se.

Só para dar o exemplo de três jogadores fulcrais no onze que comprovam a regra: Cardozo marcou o dobro do que fizera com Quique Flores nas primeiras sete jornadas e triplicou os remates perigosos; Aimar já fez tantas assistências para golo (cinco) como no campeonato transacto inteiro; Di Maria duplicou a sua média de cruzamentos por encontro.

Claro que para tal melhoria foi fundamental que Jesus definisse e aplicasse um modelo e sistema de jogo que melhor serve as características dos seus jogadores fundamentais. E que estes apreendessem o que deles se espera. O caso de Aimar é paradigmático, cada vez mais confortável no vértice superior do losango de meio-campo, longe da ineficácia da posição de segundo-avançado, que Quique inventou para ele.

Apesar de todas as vicissitudes e imponderáveis que vão surgir pela frente – lesões, castigos, etc – a tendência é para que a construção da equipa encarnada prossiga no sentido de um entrosamento crescente. Veremos é de que forma os adversários serão capazes de responder às questões e problemas que o Benfica de Jesus cria – e a verdade é que à excepção do AEK de Atenas, os encarnados ainda não enfrentaram desafios de nível muito complicado. As próximas semanas se encarregarão de dizer se esta águia é assim tão imperial no seu voo ou se a recepção ao Nacional e a as deslocações a Braga, Alvalade e Liverpool (para jogar com o Everton) a farão voar mais baixo ou regressar à terra...

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