domingo, 6 de setembro de 2009

Queiroz e a pressão


O comprometedor empate na Dinamarca confirma que Queiroz não se dá bem com os jogos decisivos. A equipa nacional até mostrou que tem um grupo de jogadores muito moralizados pelo seu bom início de época nos respectivos clubes, mas tem também um treinador com tendência para não ganhar na hora da verdade.

Se olharmos o registo de Carlos Queiroz na suas duas passagem pela selecção principal, verificamos que as equipas de Queiroz não venceram qualquer confronto com os conjuntos mais poderosos. Foi assim em 1991, quando a derrota na Holanda deixou Portugal fora da fase final do Euro-92. Foi assim em 1993, quando as duas derrotas com a Itália afastaram Portugal do grande palco do Mundial-94. E, depois da derrota caseira com a Dinamarca, do empate em Copenhaga, e dos empates no duplo-confronto com a Suécia, a história vai quase de certeza repetir-se no apuramento para o Mundial-2010.

Será caso para dizer que Queiroz parece fadado para os “pequenos”. Em dois sentidos: para treinar jovens e para jogar contra adversários de menor nomeada. Ninguém se esquecerá da célebre derrota do Sporting, treinado pelo professor, perante o Benfica no jogo decisivo do campeonato nacional de 1993/94, na noite dos 3-6 em Alvalade e da traição do menino João Vieira Pinto ao seu grande mentor. No jogo mais importante da sua vida, Queiroz não aguentou a pressão e a sua carreira desde esse dia parece marcada por esse fado.

Ninguém dúvida de que Queiroz esteve na origem de uma mudança de mentalidades na Selecção (desenvolvida pela emigração dos jogadores portugueses para o centro do futebol europeu), que lhe permitiu chegar quase sempre às fases finais das grandes competições (apenas uma ausência nos últimos 14 anos, no Mundial-98). Pelo que é, no mínimo, frustrante perceber que Queiroz não está à altura da herança que ele próprio iniciou.

A enorme pressão que pesa nos ombros de Queiroz nesta altura será, aliás, a única justificação para a convocação do recém-naturalizado Liedson, mesmo que depois o professor se tenha ficado pelas meias-tintas, deixando o luso-brasileiro fora do onze titular. Após meses de experiências com muitos jogadores novos, sempre baseadas num sistema de jogo (4x3x3), o técnico optou por mudar para o 4x4x2 em diamante para melhor “encaixar” Liedson no onze (é assim que joga o Sporting desde há muito tempo), mesmo sabendo que não existe qualquer entrosamento do brasileiro com a equipa e que parece pouco aconselhável alterar apressadamente o sistema de jogo para dois encontros absolutamente decisivos, designadamente o da Dinamarca.

Agora só um milagre levará Portugal até à África do Sul, e Queiroz bem pode queixar-se da falta de sorte. Mas como sempre esta não explica tudo....



Quadro – Registo de Carlos Queiroz na Selecção Principal com os adversários mais poderosos

Adversário

Resultado

Fase Qualificação

Euro-1992

Holanda (f.)

d. 0-1

Fase Qualificação

Mundial-1994

Itália (c.)

d. 1-3

Fase Qualificação

Mundial-1994

Itália (f.)

d. 0-1

Fase Qualificação

Mundial-2010

Dinamarca (c.)

d. 2-3

Fase Qualificação

Mundial-2010

Suécia (f.)

e. 0-0

Fase Qualificação

Mundial-2010

Suécia (c.)

e. 0-0

Fase Qualificação

Mundial-2010

Dinamarca (f.)

e. 1-1

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