segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O MERCOSUL DOS GOLOS


João Nuno Coelho – Football Ideas


Para a onda encarnada que se tem formado neste início de temporada muito tem contribuído a voracidade goleadora da dupla Saviola-Cardozo

Na Luz já não há memória de uma parceria atacante que tenha rendido tantos golos, na Liga e na Europa, até esta altura da época, como a constituída por Óscar Cardozo e Javier Saviola. Entre os dois já marcaram 11 golos (sete no campeonato e quatro na Liga Europa) num total de oito encontros. E não se limitam a concretizar: levam já duas assistências cada um.

Para este êxito muito tem contribuído a grande complementaridade entre o argentino e o paraguaio, desde logo resultante das suas características físicas: “El Conejo” (O Coelho) Saviola, 1.68 m. de altura, criativo, veloz e rápido a executar; “El Tacuara” (Cana de Bambu) Cardozo, 1.94 m., jogador de área, possante e dotado de remate fácil com o pé esquerdo.

Curiosamente, a maioria dos golos (seis dos onze) apontados pelos dois avançados resultaram de lances de bola parada, confirmando a tendência dominante dos tentos do Benfica na presente temporada. Os encarnados têm demonstrado grande eficácia neste tipo de jogadas estudadas, e só no campeonato já marcaram por nove vezes desta forma, num total de dezasseis golos somados.

Costuma dizer-se que os grandes jogadores estão “condenados” a entenderam-se dentro de campo. E essa eterna verdade do futebol aplica-se perfeitamente a Saviola e Cardozo. O argentino tem desmentido facilmente aqueles que o acusavam de procurar uma reforma dourada no Benfica, esquecidos que Saviola tem apenas 27 anos e passagens muito bem sucedidas por Barcelona, Sevilha e Mónaco, antes de ficar “tapado” nos riquíssimos plantéis do Barça e do Real Madrid nas últimas temporadas. Convém não esquecer que aos 17 anos, o miúdo Saviola foi considerado jogador do ano da América do Sul, tendo vencido o Mundial de Sub-20, no qual foi eleito melhor jogador do torneio, prémio que acumulou com o título de melhor marcador. Na Europa, conduziu o Sevilha à vitória na Taça UEFA 2006 e não era crível que tivesse perdido todas as suas enormes qualidades em apenas três anos.

O caso de Cardozo, um ano mais novo do que Saviola, é diferente. A sua carreira não atingiu ainda o nível brilhante que a do argentino já teve, mas também não viveu qualquer “travessia do deserto” como este último. Nas últimas quatro temporadas, entre o campeonato paraguaio, argentino e português, nunca baixou dos 15 golos por época, apesar de possuir limitações técnicas e táticas que podem ser trabalhadas, nomeadamente o jogo de cabeça e a movimentação na área. Será oportuno lembrar que Cardozo foi o segundo jogador mais caro da história do Benfica (11 milhões de euros, um pouco menos do que os 13 pagos por Simão Sabrosa) e é natural que, pese a sua capacidade goleadora (mormente nos lances de bola parada), se espere mais do paraguaio.

Após o endiabrado início de actividade conjunta, é legítimo pensar que Saviola poderá ser o principal “detonador” da explosão de Óscar Cardoso. Se dois meses de convivência na frente do ataque do Benfica já produziram um tal grau de entendimento, imagine-se o que poderá acontecer num futuro próximo. Além de que esta sociedade goleadora tem outros sócios de calibre, principalmente ao nível do fornecimento de passes e cruzamentos “açucarados”, garantidos por Aimar, Di Maria, Ramires ou mesmo Fábio Coentrão. Uma sociedade pouco anónima com sede no Estádio da Luz e que tem na gerência o senhor Jesus.

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