domingo, 3 de janeiro de 2010

COMEÇAR DE NOVO


Joel Lopes, com João Nuno Coelho / Football Ideas

Ano novo, época (quase) nova. A meio da temporada é tempo de emendar a mão relativamente às opções de início de temporada, principalmente quando os resultados estão longe de agradar.

Na Liga Portuguesa, o quinto lugar do Sporting obrigou José Eduardo Bettencourt a quebrar a famosa filosofia de contenção financeira que o impediu de satisfazer os pedidos de reforços de Paulo Bento há apenas seis meses. Ninguém sabe como é que Carlos Carvalhal convenceu os responsáveis leoninos a pagarem seis milhões de euros por um Sinama-Pongolle quase caído no esquecimento e três milhões por um defesa-direito (João Pereira, do Sp. Braga). Mas conseguiu. E mesmo que o campeonato seja já uma quimera para os sportinguistas, pelo menos o fosso para Benfica e FC Porto deve diminuir. Enquanto isso, o Benfica continua a fazer apostas cirúrgicas em jovens promessas brasileira e o FC Porto acredita que tem o material humano necessário no seu plantel inicial para chegar ao penta.

Em Espanha, a lesão de Pepe trouxe mais uma dor de cabeça a Pellegrini, treinador do Real Madrid. O azar do central brasileiro pode ser a sorte de David Luíz ou mesmo de Bruno Alves. O brasileiro é mais barato mas os €30 milhões da cláusula de rescisão de Bruno Alves e a impossibilidade de jogar na Champions parecem um pormenor perante a necessidade do eixo da defesa madrilena. Na Catalunha, o momento é de euforia. O Barcelona ganhou tudo o que havia para ganhar e Guardiola quer pequenos retoques na equipa. Robinho estava apalavrado para Janeiro por troca com Henry. Conseguirá Mancini segurar o astro brasileiro? Já Fabregas vai ter de esperar que os responsáveis do Arsenal sosseguem. Nos últimos dias, a direcção dos gunners disse estar pelos cabelos com o assédio do Barça ao criativo espanhol e ameaçou processar os catalães.

Na “Velha Albion”, o mercado de Inverno nem sequer arrancou e a Premiership já mexeu. É caso para dizer que em Manchester há poucos motivos para sorrir. O bilionário Manchester City, propriedade do sheik Mansour, emir de Abu Dhabi, prometia tornar-se numa potência do futebol à escala planetária. Um sexto lugar a meio da temporada acabou com a paciência dos dirigentes dos citizens e Mark Hughes foi mandado para casa. De Itália, chegou Roberto Mancini, desempregado de longa duração, que reentra no futebol pela porta grande, uma vitória no jogo de estreia e uma mão cheia de nomes para reforçar um plantel onde se gastou dezenas de milhões de libras no início da época. Para o italiano, não bastam Tevez, Adebayor, Santa Cruz e Touré. O caderno de encargos de “Mancio” passa pelo argentino Córdoba, suplente no Inter, e o italiano Pazzini, atacante da Sampdória, ambos disponíveis para mudar de ares. Se dinheiro não é problema para os petrodólares dos citizens, já o interesse do rival Manchester United no central da formação de Turim pode deitar por terra as esperanças em blindar um dos sectores mais frágeis da equipa azul celeste. Em Old Trafford, o United sofre para defender o título. A onda de lesões na defesa atirou os red devils para o segundo lugar da Premiership e Alex Ferguson veio dizer que “não vê a luz ao fundo do túnel”. Rio Ferdinand está a braços com uma gravíssima lesão que pode mesmo afastá-lo do Mundial em 2010.

Finalmente, em Itália há sentimentos diversos. A Juventus agoniza num penoso terceiro lugar e saiu prematuramente da Champions League. Os €50 milhões gastos em Felipe Mello e Diego não renderam o esperado. Ciro Ferrara tem mais dois jogos para manter o lugar. Scolari confirmou contactos para mudar para o Olímpico de Turim mas recusou. Nedved será o senhor que se segue? Mais animado com os resultados anda Leonardo. O novo técnico do Milan pode contar com mais um trintão em Janeiro, de seu nome David Beckham, para segurar o segundo lugar no Calcio já que Mourinho deve reconquistar o scudetto. Mais difícil será manter o objectivo de chegar à final da Champions no Bernabéu. O montenegrino Goran Pandev, da Lazio, será nerazurro a partir de Janeiro para compensar a ausência de Eto’o durante a CAN. Como prémio de consolação, o special one regressa em Fevereiro a Stamford Bridge para defrontar o clube do seu coração. Ancelotti pediu a normalização das relações entre ambos mas o speciale já foi observar um jogo do Chelsea em casa dois meses antes do grande confronto. Quem inventou os mind games?

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